quinta-feira, 24 de junho de 2010


PATCHWORK E QUILT
Eu pintava e bordava no bom sentido. Literalmente! Mas as tintas acabaram me intoxicando. 

Certo dia, fui ao Clube Comary visitar o 1º TEREQUILT. Queria ver o que era exposto ali, entender o que era quilt e o que era patchwork. Eram a mesma coisa ou não?

Que surpresa agradável! Tanta beleza! Tanta criatividade! 

E lembrei de todas as vezes em que minha mãe quisera me ensinar a costurar, bordar, fazer tricô, crochê e eu não me interessara muito. Mal pregava um botão numa roupa. Afinal minha mãe tinha mãos de ouro, de fada, de artista. Ela e minha avó haviam tido um belo atelier de alta costura em São Paulo. Ambas faziam roupas impecáveis, bordados maravilhosos, flores, luvas, chapéus. Mamãe formou-se professora de Artes e Ofícios em Sampa. Tudo que ela fazia era bonito e bem acabado! Ela também desenhava e pintava o que queria e bem entendia. Vovó Dodô também.

Natural que eu apreciasse artes e artesanatos em geral. Crescera vendo muita beleza e criatividade à minha volta. 

Minhas duas avós eram artistas. Uma gaúcha e outra baiana. Porém primas. Filhas de dois irmãos! Natural que a genética falasse mais alto. Ambas tinham gostos refinados, apreciavam as artes, envolviam-se com música, flores, decoração, pintura etc... Eram moças muito prendadas ! 

A gaúcha tornara-se uma modista e a baiana uma florista. A primeira casa de decoração com flores em Salvador, foi de minha avó Bijou. Tudo começou por causa de seu lindíssimo jardim, cheio de rosas e que os amigos vinham apreciar e muitas vezes pedir para poder ofertar a alguém especial.

Alguns anos depois, um desses amigos foi Jorge Amado, que passava sempre para buscar um belo bouquet de rosas para Zélia. E todas as vezes parava para um dedo de prosa com vovó, aquela senhora elegante, altiva, muito culta , educada na Europa e em colégios estrangeiros, dona de humor refinado e inteligente.

De vovó Dodô, guardo a lembrança de sua elegância e doçura extrema. Lembro-me dela com longos vestidos, sapatinhos delicados , coque , seus brincos de pérolas ou de brilhantes sempre nas orelhas e o perfume que ela adorava e nós, netos, também: ARPÈGE! Nunca ousei usá-lo! Era o aroma de minha avó e só dela. Sagrado!

Nas casas de minhas avós sempre se achava as gulodices preferidas . Cada um tinha lá suas balas de leite ou caramelos de chocolate,bolos e pudins, ou cocadas de fita, ou ainda bananada de tacho. AH! Que delícia! Casa de avó, para mim, sempre foi sinônimo de paraíso. 

Cercada por essas duas figuras formidáveis e por minha mãe, só poderia mesmo acabar com uma agulha e linha nas mãos. Antes tarde do que nunca! 

Já aposentada e morando na calma de Teresópolis, achei uma Angela que eu desconhecia antes. Não faço roupas para vestir . Não é essa a minha praia! Minha criatividade gosta de passear e voar pelos tecidos criando formas e combinações incomuns ao vestuário mas adequadas à decoração e utilidades. O patchwork e o quilt vieram completar o que comecei ao estudar Arquitetura de interiores e decoração no Senac e no Clube dos Decoradores. Primeiro pintara tudo que via, paredes, telas, tecidos, móveis etc... E agora descobrira a beleza e as possibilidades dos tecidos, dos bordados , das agulhas e das linhas.

E nunca mais me separei dos paninhos e suas possibilidades.

Aqui estou eu, que mal pregava um botão, envolvida em tecidos , fitas, linhas, agulhas, máquinas, tesouras e toda essa parafernália que existe e que a cada ano aumenta com mais novidades.

Cair na Obra do Berço foi uma consequência natural. E muito feliz! 
Montar um pequenino atelier num dos quartos de minha casa foi natural e extremamente prazeiroso. 
Hoje em dia esqueço até de comer e dormir quando estou envolvida nos trabalhos, essas delícias que não engordam, não dão colesterol nem mal humor, não extressam e nos realizam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário